Às vezes eu penso que existe, em Joinville, uma tribo encastelada numa ilusão de tradição, que deseja, no fundo, no fundo, que uma bomba de nêutrons (aquela que só mata as pessoas, sem destruir as construções) caia na cidade num dia 9 de março, aquele dia do ano em que, por ser feriado local, eles vão passear em Curitiba, enquanto o "resto" fica na cidade, assistindo parada cívica.
Se uma bomba de nêutrons acabasse com a população, eles ficariam felizes ao voltar para o trabalho, no dia 10 de março ou ainda na noite do dia 9 (Sabe como é: assim se economisa uma diária...) porque teriam, finalmente, a Joinville que tanto amam e que tanto preservam: a Joinville só deles.
É o que eu concluo, ao ler, de vez em quando, as colunas de leitores dos jornais locais. Aparece cada disparate, que vou até te contar. Vejo manifestações de elitismo que rondam a patologia.
Alguns exemplos. Não deve ser permitido morar no centro da cidade - o centro é só para as lojas abrirem às 9:00, fecharem às 19:00 e, depois disso, a polícia deve dispersar quem queira andar por alí. Nada de moradores, no centro. Os pobres devem ir morar no Paraíso, no Morro do Meio, na Emenda, e só devem passar pelo centro quando estiverem usando o transporte coletivo - sem sair do cercadinho do terminal, é óbvio, onde, aliás, não deve ser permitida a permanência de ambulantes.
As avenidas não devem ter canaletas especiais e exclusivas para o equipamento de segurança e socorro - ambulância, bombeiro e polícia. Isso prejudica os motoristas. As avenidas devem existir para as pessoas andarem de carro livremente, sem precisar ficarem espremidas. Os bombeiros, as ambulâncias e a polícia, usam as avenidas só raramente então não é "viável" manter uma canaleta só para estas raras ocasiões. Já vi fazerem cálculos matemáticos complicados para mostrar que canaletas para uso em emergência são inúteis e só prejudicam... só prejudicam os que sempre tiveram as ruas só para si. Quanto às pessoas que estejam precisando de socorro...
A tribo da "Joinville nossa" quer aumentar a pista do aeroporto. É um atavismo do tempo em que eles caçavam passarinhos com armadilhas. Eles acreditam que se fizerem uma pista bem grande, os enormes Yliushins e B 747 cargueiros vão começar a pousar por aqui, atraidos por uma pista bem grande, assim como sonhavam com armadilhas capazes de capturar gaviões-macacos, jacus e condores. Quanto a incrementar a economia local, para, quem sabe, chegar ao ponto de precisar ser atendido por transporte aéreo cargueiro, isso já é outra história. Se incrementar a economia, as diaristas são capazes de ficarem muito caras...
A última que eu li foi que a Universidade Católica não deveria se instalar na rua Felipe Schmidt. Sabe por que? Porque vai ficar movimentado demais. O trânsito vai ficar complicado.
Pode uma coisa dessas?
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