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domingo, 25 de abril de 2010

Contra inflação, Mantega ameaça facilitar importações

Diferente do que vinha dizendo recentemente, o ministro agora considerou que um aumento dos juros pode ser necessário O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira (16) que manter a inflação sob controle é "questão de honra" do governo, e que para isso pode facilitar as importações para impedir que setores da economia doméstica remarquem preços para recompor margens.

"Tem que medir bem como esses reajustes são feitos. Na prática ainda não houve (reajustes) mas, se houver, nós vamos tomar medidas", disse Mantega, após participar de evento da indústria do aço.

Diferente do que vinha dizendo recentemente, o ministro agora considerou que um aumento dos juros pode ser necessário, mas considerou que essa tática tem efeitos nocivos para a economia, como o aumento da dívida pública e o incentivo ao ingresso de recursos internacionais no país, movimento que valoriza a moeda e prejudica a competitividade da indústria.

"Outros mecanismos devem ser utilizados, como aproveitar a abertura da economia brasileira para elevar as importações; sei que o setor aqui não gosta disso, mas às vezes é necessário".

Mantega evitou fazer menção a um setor específico, mas usou como exemplo o setor de siderurgia, que poderia gerar um efeito em cascata em vários segmentos que tem o produto entre suas matérias-primas, entre eles a indústria automobilística.

Nesta semana, seguindo-se aos aumentos do preços anunciados para o minério de ferro pelas principais empresas mundiais do setor, entre elas a Vale, empresas nacionais como Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciaram repasses no preço do aço.

"Por enquanto tem muitas declarações que ainda não chegaram aos preços; mas se houver, nós vamos tomar medidas", disse ele.

O ministro também considerou a redução de impostos como uma ferramenta que poderia ser utilizada para evitar a pressão sobre os preços. Foi este o argumento utilizado por ele na véspera para estender a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre materiais de construção, que valia até junho, para dezembro.

Dessa vez, contudo, Mantega mencionou a energia elétrica, que é cara devido a, entre outros fatores, impostos altos. Mas ele não adiantou se alguma medida neste sentido está em estudo pelo governo.

"Temos que olhar o assunto com carinho; o que não podemos é ficar com uma energia elétrica que está entre as mais caras do mundo", afirmou.

De todo modo, Mantega considerou que a inflação foi pressionada no início do ano por fatores excepcionais, como as chuvas que prejudicaram os preços dos alimentos. Por isso, afirmou, é equivocado projetar esse ritmo de inflação para todo o ano.

Nos últimos dias, a reboque de persistentes evidências de que a inflação segue em ritmo anual superior aos 4,5% do centro da meta fixada pelo Banco Central (BC), as taxas dos contratos de Depósito Interbancário (DI) passaram a embutir apostas de que o juro básico, hoje no piso histórico de 8,75% ao ano, pode subir no final do mês de forma mais forte, em até 1 ponto percentual.

O ministro reiterou também o compromisso do governo em cumprir com a meta de superávit primário de 2010, de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), mas alertou contra eventuais aumentos do gasto público provocados por emendas parlamentares.

Nesta semana, uma comissão do Senado aprovou o projeto que isenta os aposentado que continua no mercado de trabalho da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além disso, os parlamentares aprovaram, com ajuda da base aliada, o reajuste de 7,71% das aposentadorias de valores acima de um salário mínimo pagas pela Previdência Social, acima dos 7% previstos pelo governo.

"Em ano eleitoral, o Parlamento que fazer bondades, dando um aumento desmesurado das aposentadorias", disse.


Fonte:Agencia Reuters(16/04/2010)

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