Dívidas milionárias com bancos e credores; impostos sindical, INSS, FGTS e outros atrasados há muitos meses; sem matéria-prima e sem dinheiro para comprar mais, inviabilizando a produção; dívida do 13º salário com os seus trabalhadores; financiamentos com BNDES sem solução por falta de garantias e outras coisas mais; demitiu quase mil trabalhadores para pagamento parcelado, e não vem cumprindo as datas de pagamento previstas; 90% dos trabalhadores parados e ainda recebendo salários, mesmo atrasados; não há receitas de vendas para bancar o giro mensal. Esse é o retrato da empresa genuínamente joinvilense, Busscar Ônibus.
“Com um quadro desses, nós não vemos perspectivas, a empresa está na UTI e quase com morte cerebral. Os trabalhadores precisam saber do futuro para que seus direitos sejam preservados”, dispara o presidente do Sindicato, João Bruggmann, um dos principais articuladores para o salvamento da empresa em 2003-4, com o financiamento do BNDES no valor de R$ 30 milhões.
Naquela ocasião a empresa estava sendo administrada por terceiros, quase fechou, mas conseguiu o apoio do Sindicato e lideranças políticas para que o dinheiro fosse liberado no BNDES, o que deu uma sobrevida à empresa, que agora agoniza lentamente. “Hoje tem muitos projetos, idéias, IPI e sei lá quantas fórmulas, mas nenhuma sai do papel. Todas as esferas políticas já foram utilizadas, mas até agora nada. E os trabalhadores, como ficam?”, questiona João Bruggmann.
Em fevereiro a empresa demitiu quase mil funcionários adotando a prática de “demissão voluntária” prometendo pagar entre 5 e 18 vezes a rescisão, ressalte-se que sem o aval do Sindicato, que realizou as homologações de rescisões com ressalvas para que os trabalhadores e trabalhadoras pudessem receber seu FGTS e encaminhar o seguro-desemprego. Esses parcelamentos também estão em atraso, e a diretoria do Sindicato alerta para o direito do trabalhador contestar na Justiça essa questão – tem até dois anos para entrar com ação – e para isso coloca o seu departamento jurídico à disposição.
O presidente João Bruggmann diz que o Sindicato pressiona por uma solução final para que os trabalhadores sigam seus caminhos. “Penso que é uma responsabilidade do empregador, um ato digno reconhecer que não consegue solucionar essa carreta de problemas que estacionou na Busscar. E é digno e imprescindível também tomar uma decisão final, seja ela qual for. Porque há trabalhadores que dependem disso para seguir suas vidas, tocar o seu futuro”, cobra Bruggmann.
Com um quadro tenebroso como esse, e usando as siglas BNDES, IPI, e projetos mirabolantes, o Sindicato acredita que a empresa ainda não fechou porque ainda consegue pagar os salários do pessoal, mesmo em atraso. “Ninguém quer o mal de ninguém aqui, mas queremos o bem, o melhor para os trabalhadores e trabalhadoras. Por isso estamos cobrando e vamos cobrar ainda mais o final desta história. Os trabalhadores merecem respeito”, explica Bruggmann.
Fonte:www.sindmecanicos.org.br
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