*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

sábado, 19 de setembro de 2009

Milton Wendel comenta sobre gestão Carlito Merss

A democracia - e sua ferramenta prática de escolha dos líderes, a eleição - não garantem que o escolhido seja o melhor. Apenas garantem que o escolhido seja aquele que teve mais votos. Da maioria esperamos que surja a melhor escolha. É um idealismo que nem sempre funciona. O fato de Carlito Mers ter-se tornado prefeito de Joinville demonstra isso com límpida clareza. Carlito foi derrotado em várias eleições para o executivo joinvilense enquanto orava uma proposta de democratização de poder e reação contra os desmandos que nossa querida Joinville infelizmente sofre. Quando finalmente conseguiu eleger-se, mudou de lado e se tornou agente dos vícios que sempre combateu.
O Carlito Mers que discursava em prol da transparência e do fácil acesso dos munícipes às informações sobre os serviços públicos ficaria indignado com a decisão da Companhia Águas de Joinville de comprar uma sede no alto da rua XV de Novembro. Aquele Carlito de antigamente, realista e usuário de transporte coletivo, se fosse obrigado a pegar mais de um ônibus para ir à empresa de água e esgoto, nos alertaria sobre a podridão que ronda a Prefeitura. Ele nos falaria de como milhares de joinvilenses têm seu sangue sugado gota a gota em faturas mensais de água absurdas e de negócios milionários feitos com dinheiro que, afinal, não tem outra origem se não o saqueado bolso do povo.
A democracia, se nem sempre escolhe o melhor, pelo menos vai nos mostrando a verdadeira anatomia e a real consistência dos discursos. Aquele Carlito popular e igualitário diria que ninguém consegue vender tão facilmente um imóvel de 5 milhões. Ele certamente diria: "A não ser que consiga achar um pródigo qualquer e que este pródigo distraído tenha sido, de novo, o irresponsável gestor do dinheiro público". Carlito protestaria. Com certeza protestaria. Não tenha ninguém a mínima dúvida de que se o Carlito Mers do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça fosse informado que a Companhia de Águas de Joinville gastou dinheiro em negócios nebulosos, ele prontamente se enrolaria na bandeira de nossa indignação.
A propaganda eleitoral nos incute conceitos distorcidos. Acabamos acreditando que cada partido se situa em um determinado setor da sociedade e defendendo determinados ideais. Os partidos, porém, se sustentam sobre apoios que podem servir a todos eles em maior ou menor grau. O Carlito de ontem se levantava contra poderes que, afinal, acabaram elegendo-o prefeito. Ironia da democracia. Dizer ao povo que combaterá o lobo, e acabar eleito pelo próprio lobo. Que vergonha esta negociata da Companhia Águas de Joinville. Parece aquela outra em que mais de 4 milhões sairam dos cofres da Prefeitura para comprarem um alagadiço na curva do Arroz. Aliás, o Carlito dos bons tempos também não deixaria de protestar contra este outro absurdo feito com o dinheiro do povo. Ele protestaria, sim. Acharia os responsáveis! Traria o dinheiro de volta! Aquele Carlito era mesmo um cara e tanto. Gostaria que ele tivesse conseguido se eleger. Teria sido um bom prefeito. Bem melhor do que este prefeitinho que está aí.

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