*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

domingo, 27 de setembro de 2009

LIBERDADE E RESPONSABILIDADE,por CARLOS ROGER SALES DA PONTE*

Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista francês do início do século XX, afirma que, no caso da humanidade, a existência precede a essência. Desta linha de raciocínio, que inverte o pensamento filosófico adotado até então, decorre a noção de angústia associada a liberdade. Para Sartre, nós existimos antes que nossa essência seja definida. Ele nega a existência de uma suposta "essência humana" pré-concebida.

Para o filósofo, o homem torna-se o que é ao fazer suas escolhas. E essas escolhas só cabem ao homem, sem que haja nenhum elemento externo que justifique suas ações. Sendo assim, o único responsável por suas ações é o próprio homem.

A responsabilidade tem papel de destaque no existencialismo sartriano, já que cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios atos e torna o homem o único responsável pelas conseqüências advindas de suas decisões.

Além de determinar o próprio destino, estas escolhas individuais também determinam o funcionamento do mundo. Isto porque cada escolha acarreta outras mudanças ao redor. Desta forma, ao escolher, o homem não apenas torna-se responsável por si, mas também por toda a humanidade. Que peso! É esta a responsabilidade que provoca a angústia.

A angústia vem da consciência de que são escolhas próprias, individuais, que determinam a essência de quem se é e que essas escolhas podem afetar o mundo. Retomando o raciocínio do início do texto, para Sartre, a angústia surge da consciência da liberdade e da responsabilidade de ter que usá-la da forma mais correta.

(*) Carlos Roger Sales da Ponte é Psicólogo e Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará e professor de Psicologia e Filosofia da Faculdade Integrada do Ceara - FIC.

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