*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

sexta-feira, 5 de março de 2010

Noam Chomsky (parte IV)

IHU On-Line - Qual a importância que o senhor atribui ao Fórum Social Mundial e que avaliação faz do evento em função de seus 10 anos? Por que o senhor não veio para esta edição?

Noam Chomsky - Eu fui a várias edições nos primeiros anos. Nos últimos anos tenho tido problemas pessoais. Houve três anos em que não conseguia viajar de forma alguma, tinha que ficar em casa. Este ano estive irremediavelmente envolvido em outras coisas. Mas penso que é um evento extremamente importante. Quando estive lá, 8 ou 9 anos atrás, sugeri que o Fórum era a semente para a primeira Real Internacional verdadeira, e continuo pensando assim. Sua influência agora se espalha pelo mundo todo, há fóruns sociais regionais e locais. Temos um em Boston. Minha sensação é de que nenhuma contribuição que eu poderia dar agora teria importância comparável à que porventura a de anos atrás teve – não sei se teve ou não, e estive muito contente em estar lá. Acho que há coisas que posso fazer na mesma linha, talvez mais importantes. Em todos os casos, o que está acontecendo é extremamente importante, também para o Brasil . Por exemplo, a questão dos direitos fundiários no Brasil é extremamente séria. Poucos passos de menor importância foram dados durante os anos de Lula, mas não é muita coisa. E o efeito do que foi feito não é tão positivo assim. Há muitos outros problemas ainda na América Latina e em outros lugares. Portanto, o Fórum preserva sua significação. Penso que difundiu sua influência, que tem sido uma influência muito positiva sobre as lutas sociais em todo o mundo, e espero que continue neste sentido.

"Os principais oficiais do exército hondurenho em sua maioria são treinados na Escola das Américas, que é a outra escola que treina oficiais latino-americanos, assassinos latino-americanos"

IHU On-Line - O senhor gostaria de acrescentar mais algum comentário?

Noam Chomsky - Há coisas importantes acontecendo. Veja os próprios EUA. Não sei até que ponto isto foi veiculado no Brasil, mas quinta-feira passada (dia 21-01) a Suprema Corte tomou uma decisão extremamente importante: que corporações que já têm uma influência avassaladora no sistema político, agora podem gastar dinheiro livremente nas eleições para apoiar candidatos. Isto virtualmente significa que as corporações podem comprar as eleições. Trata-se de um golpe gravíssimo contra o que resta da democracia funcionando. E é muito difícil ver como isto poderá ser revogado. Isto anula precedentes de um século, que pelo menos colocavam algum limite no custeio corporativo de eleições. Basicamente é um convite para as corporações praticamente partirem para o suborno. Em vez de comprar um legislador na Casa Branca indiretamente, eles pode m fazê-lo diretamente.

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