*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Reflexão muito interessante do Dr.Carlos Adauto Vieira*

Ao pé da letra (1)

Desde quando vim para Joinville, há mais de 40 anos, noto, com tristeza, o desaparecimento paulatino, mas constante, de locais de estabelecimentos que seriam referenciais da cidade, especialmente para quem nasceu ou viveu aqui sua infância, adolescência ou juventude.

A começar pelo rio Cachoeira, a maior vergonha joinvilense e cuja despoluição deveria ser ponto de honra da cidadania.

Psicólogos, sociólogos e urbanistas se empenham na conservação destes pontos referenciais, porque fazem parte da memória, não só da comuna, mas, principalmente, da comunidade, de cada cidadão.

Ah, “era ali, me lembro...”

Verdade que há bens comuns, semelhante aos dinossauros, que não se adaptam e desaparecem.

A tristeza dos nostálgicos, dos passadistas, dos românticos – igual a mim – está ganhando bases científicas, pois a destruição destes pontos referenciais influi negativamente sobre o comportamento psicossomático.

Nestes 40 anos, conheci o bife do Ravache; a feijoada do Ian; o sorvete do Mirko; o especial da Polar; a costela Zé Gordo e do Ernesto; o chope do Victor Hart; o café do Brunkow; os doces do Dittrich; o filé da Rex; o serviço econômico do Bitsch; a hotelaria e culinária do velho Schmidt no Trocadero. Só em culinária e locais onde se podia ir, então... Desapareceram!

Havia trens, que nos levaram às audiências em São Francisco do Sul, Guaramirim, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul. As marias-fumaças da maravilhosa crônica de Borges de Garuva em 15 de maio de 1996, no “Anexo” e, anteriormente, da Urda Krieger.

Partindo daquela estação que, antes de ser tombada, ainda vai tombar definitivamente, pela falta de cultura e vontade política dos sobas.

Muita compra fizemos no Jorge Mayerle, amigo e cliente, e no Alfredinho Boehm, cuja família foi uma das criadoras do supermercado com lojas espalhadas por toda a Manchester.

Restam alguns destes curiosos supermercados provincianos, onde se poderia encontrar quase de tudo em mercadoria.

*Jornalista, escritor e vice-presidente da Academia de Letras e Artes de São Francisco do Sul (Alasfs)

Fonte:Jornal A Notícia(03/11/2009)

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