*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

domingo, 16 de agosto de 2009

Carlos Melo (Sexta parte)

Collor é um expoente da atual tropa de choque, defendendo o mesmo Sarney que um dia chamou de ‘o maior batedor de carteira da história do País’. Como isso é percebido pela população?
Não deveria surpreender, porque a lógica de agrupamentos desse tipo não passa por relações pessoais ou ressentimentos do passado, mas por interesses muito objetivos e pelo pragmatismo do presente. Esses batalhões são compostos por conveniências absolutamente voláteis. Falando de Collor especificamente, é provável que a sociedade moderna veja o ressurgimento dele como a reedição de um passado que já deveria ter sido superado pela democracia. O velho estilo não assusta mais, apenas irrita, aborrece e denuncia o anacronismo da política em relação à sociedade e à economia, que tanto se transformaram do governo Collor para cá. Ainda assim, é possível que ele encontre ressonância nos segmentos mais despolitizados, atrasados, de índole autoritária, nos eleitores dos currais ainda apegados à nossa tradição patriarcal. O mais triste, porém, é que tudo isso contribui para esse sentimento generalizado de renúncia à política. A confusão ajuda a disseminar a avaliação cínica segundo a qual tudo é permitido, porque afinal "política é assim mesmo".

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