*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Agora a resposta de Carlos Castro

Caro Werner, esta resposta segue com cópia para os militantes da Esquerda Marxista por considerá-la educativa.

1 - Entendo sua tristeza, afinal lutar tanto por reivindicações legitimas (passe livre, meia-entrada) e não conquistá-las é uma situação que nos entristece. Mas, contudo são reivindicações imediatas, econômicas. Imagine quão duro é para a Esquerda Marxista (EM), dedicar sua existência como organização, na luta política pelo socialismo, no interior de um partido que se transformou em se contrário, contra-revolucionário, pró-imperialista, mas que a classe trabalhadora continua a reconhecer como sua organização. Esta é a nossa sina e não abrimos mão dela. Por isso, ficar triste não resolve, ao contrário retira qualquer perspectiva de combater por um mundo melhor, mais humano, o que só é possível a partir do socialismo. A atual crise econômica que se abate sobre o mundo, é demonstração concreta que o capitalismo está com os dias contados, desde que se construam neste processo, pelo mundo afora, organizações revolucionárias com influencia de massas. Este é o nosso objetivo no interior do PT.

2 – Você diz: “Achei certo não haver Passe-Livre para pessoas entre 60 e 64 anos. É muito legal pessoas de partidos de esquerda populisticamente se "adonarem" desse discurso e depois repassar a conta aos trabalhadores comuns”. Companheiro, você defende o passe livre aos jovens e os idosos não podem ter este mesmo direito? Por quê? Não foram os idosos que dedicaram suas vidas construindo este país, que foram explorados durante toda sua vida para gerar riqueza apropriada pela mesma burguesia que, acredito, você diz odiar? Quanto ao repasse do custo para a conta de trabalhadores comuns, não seria isso que ocorreria se o passe livre estudantil fosse conquistado? Há uma incompreensão política de sua parte quanto a luta por esta conquista ao idoso, quando você afirma que pessoas de partidos de esquerda populisticamente se adonarem desse discurso. Não companheiro, o Mariano e a EM não fizeram nada mais do que fazer cumprir um direito que consta no Estatuto do Idoso. O Mariano cumpriu com seu mandato que é lutar para conquistar cada reivindicação do povo trabalhador. Recebemos um mandato para isso. Lutamos também desde novembro de 2000 pelo direito ao passe livre estudantil, com forte movimento de massas em Joinville em 2001 e 2002. Já em 2003 e 2009, lutamos para combater os aumentos absurdos da tarifa, inclusive contra o prefeito do PT com o risco de ser expulso do partido. Nosso mandato continua ameaçado de ser cassado na Câmara de Vereadores, já que o TJ de causa favorável às empresas de ônibus, alegando que Mariano foi o mentor político do combate de 2003. em nenhum momento negamos luta alguma. Esta é nossa história e por isso temos a marca da coerência.

3 – Você diz: “Eu ainda acredito em Revolução, mas essa revoluçãozinha que a esquerda marxista "de m..." aí está propondo. Claro, a Direita é ainda muito pior, bem entendido. Gosto do Adilson Mariano, apesar disso. Acho ele coerente e trabalhador. Falta-nos vereadores, deputados e prefeitos como ele. Mas a solução é bem mais complicada do que só estender direitos a idosos. Isso também tem cunho populista, reformador; nada revolucionário”. Companheiro, se você “ainda acredita” é um sinal que pode deixar de acreditar. Creio que isso faz parte da falta de perspectiva que falei acima. Porem, como dizia Bertold Brecht, “Há homens que lutam um dia e são bons, outros lutam algumas vezes e são melhores, mas há aqueles que lutam durante toda a vida, estes são imprescindíveis”. Queremos você sendo imprescindível para a revolução, se credita nela. Mas só acreditar não serve para muita coisa. É preciso estar organizado e balizado por um programa político. Daí quero combater a sua afirmação sobre a “revoluçaozinha que a esquerda marxista de m... está propondo”. Você ataca a EM não sei por quê. É provável que você não conheça a nossa organização. Afinal, se a prática for o critério da verdade pra você, estivemos no último período e dentro do processo histórico de 30 anos de organização, sempre no combate pelo socialismo. E combater pelo socialismo significa lutar em função de cada medida reivindicatória, bandeiras históricas e direitos adquiridos pela classe trabalhadora. Fizemos isso, basta você conhecer um pouco mais a nossa história. Se você admira o mandato do Mariano como diz, então você admira a EM, já que toda a luta e política defendida por Mariano é discutida e decidida dentro da EM, portanto, Mariano só expressa publicamente a nossa política. Não há divisão entre Mariano e a EM.

4 – Se você for coerente com a sua critica, você está se auto criticando, afinal, você também defende o direito do passe livre a juventude, da meia entrada, e qual a diferença desta reivindicação da juventude para a reivindicação do idoso? Não seria também uma medida de cunho “reformador, populista, nada revolucionário”, conforme seu raciocínio? Reflita bem sobre isso. Porém, não precisa se chicotear, porque não há nada errado em defender qualquer reivindicação que seja, não há nada de contra-revolucionário ou populista nisso. É nestas lutas que a gente ajuda a classe a avançar na consciência política, passando de “classe em si” em “classe para si”. Por exemplo, quando a Justiça retira o direito do idoso em favor das empresas; quando o prefeito mantém a cassação do direito, há um sintoma de revolta popular contra estas Instituições burguesas. O povo começa a compreender que estas instituições só servem para manter o Status Quo da elite. Num movimento quantitativo que já vem ocorrendo, vai chegar o momento do salto de qualidade, da insurgência, da transformação. O Programa de Transição de Trotski, o programa adotado e aplicado pela EM em síntese diz o seguinte: “A construção do socialismo passa pela explicação à classe trabalhadora em cada luta pelas reivindicações transitórias, imediatas ou econômicas, de que a real conquista só vai ocorrer se o povo colocar na ordem do dia a luta pela tomada do poder”.

5 – Se você leu a Carta Aberta ao Carlito com atenção, não ficamos simplesmente na luta pelo passe do idoso, mas mostramos claramente que o reajuste de 2,29% para o beneficio era um absurdo, já que não há como confiar nos dados da planilha de custo. Ao final, propomos a constituição de uma empresa publica de transporte coletivo e ainda chegará a hora que vamos propor a Tarifa Zero. Este é o nosso combate no transporte coletivo. Portanto é injusta as acusações que você faz. Reflita também sobre isso.

6 – Por ultimo, proponho que você conheça melhor a nossa organização e se tiver qualquer divergência da linha política, do programa, do método de construção, estaremos abertos a um dialogo fraterno com você. Poderia começar a cessando nossa página na Internet: www.marxismo.org.br, há muitos textos interessantes. Se você considerar a proposta, posso lhe repassar alguns documentos para a discussão.

Saudações socialistas e fraternas,

Carlos Castro.

Nenhum comentário: