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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre o bairro América,matéria interessante

O espanhol Jordi Castan vem de um país milenar onde a tradição e a história andam de mãos dadas e estão presente no cotidiano dos cidadãos. Talvez seja por isso que seja um defensor ferrenho da preservação do perfil bucólico do América, de cuja associação de moradores é presidente. Bairro eminentemente residencial, com fama de nobre, acolhe não só monumentos históricos de Joinville como áreas verdes e ruas arborizadas que chegam a atrair moradores de outras regiões para passeios e coopers.
"Quando se mora numa cidade de 150 anos, o conceito de velho e antigo é muito sutil. Corremos o risco de não permitir que as coisas se tornem históricas", avisa Castan. Preocupado com a velocidade com que construções importantes para a história da cidade estão sendo varridas do mapa, substituídas por novos prédios, ele busca mobilizar a comunidade local para a importância da preservação.
Para Castan, a grande ameaça do América é sua proximidade do centro, devido a pressão do mercado imobiliário. "Precisamos entender que algumas coisas formam a identidade de Joinville. Temos que entendê-los, preservá-los e, a partir daí, incorporá-los ao nosso cotidiano", frisa.
Cotidiano esse que, apesar da modernidade e da exploração imobiliária, ainda se faz presente nas ruas do bairro. Basta observar: casas com feições distintas, distantes umas das outras e separadas por jardins grandes e bem cuidados. "Esse individualismo é bem característico do período da colonização", observa o professor de história da arte Otto Francisco de Souza. "Mas não é um individualismo no mal sentido. É apenas uma maneira de se viver".
Ser um núcleo de descendentes de imigrantes é outra característica do América, apontada pelo professor de sociologia e antropologia cultural da Univille Afonso Inhof. Para ele, mais do que apresentar uma condição histórica peculiar, o bairro traz embutido um certo estereótipo conservador, "mas no sentido de conservar coisas e propriedades - casas, jardins, muros, calçadas...", explica.
Inhof acredita que pelo menos 50% dos moradores ainda mantêm essa tradição. "Já os mais jovens se mudam para outros locais, onde isso não lhes é familiar", observa. As mudanças, por sinal, são inevitáveis, diz o professor, diante da especulação imobiliária e do falecimento dos velhos moradores. "Paulatinamente, vão desaparecendo aquelas construções antigas", lamenta.
Ao contrário de Afonso Inhof, o historiador Apolinário Ternes emprega o adjetivo "nobre" ao se referir ao América. Isso porque, segundo ele, trata-se de um bairro antigo, próximo ao centro, onde se instalaram famílias ligadas ao surgimento e desenvolvimento do município. "É um bairro que mantém a peculiaridade de ser uma área estritamente residencial, com áreas verdes e um nível de vida muito bom, o que acaba se refletindo nas moradias", descreve. (Rubens Herbest)

Fonte: Jornal A Notícia(02/06/2003)


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