Um levantamento inédito da Polícia Civil, realizado pelo Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) a pedido de ZH, revela que o ensino já faz parte da rotina policial. No primeiro semestre, 236 das 3.169 infrações registradas pelo órgão na Capital foram cometidas dentro ou diante de um colégio – um ato de violência a cada 18 horas, como demonstra a segunda reportagem sobre as escolas conflagradas.
Tarde de 2 de julho, quinta-feira. Na Escola Estadual de Ensino Médio Ceará, no bairro Teresópolis, em Porto Alegre, duas meninas trocam socos e tapas em aula. Chamada, a Brigada Militar chega ao local. Quase ao mesmo tempo, em outro ponto do colégio, dois alunos provocam desordem e se recusam a deixar o estabelecimento por ordem da direção. Um dos baderneiros se insurge contra uma educadora, conforme a ocorrência policial 2526/2009/750214, e grita:
– Para de encher o saco!
O outro, em tom de despeito, diz:
– Quero ver quem me tira daqui.
Ao perceber o conflito, um PM apreende os dois adolescentes para apresentá-los à Polícia Civil em razão do desacato. Em meio à confusão, uma estudante é atingida nas costas por uma pedra lançada por um colega durante uma sessão de bullying (violência sistemática praticada entre estudantes).
O relato caótico de uma tarde no estabelecimento de ensino ilustra como uma avalanche de agressões e xingamentos está soterrando a disciplina nas salas de aula do Estado. Uma das 236 infrações verificadas no primeiro semestre foi comunicada à polícia às 8h54min de 27 de março pela avó de uma estudante porto-alegrense. Sob o número 1095/2009/750214, o registro atesta que a agressividade chega a afugentar alunos da sala de aula. Uma menina de 13 anos, cursando a 6ª série, não teve coragem de pisar na escola durante mais de uma semana devido a hostilidades de colegas. Ela ainda enfrentou ameaças de agressão – tipo de delito que motivou outras 31 queixas ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) entre janeiro e junho.
Fonte:zerohora.clicrbs.com.br(12/10/2009)
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