*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O TREM NA VISÃO DE ANSELMO FÁBIO DE MORAES


COMPARTILHO COM OS AMIGOS, O BELO TEXTO DO PROFESSOR ANSELMO FÁBIO DE MORAES QUE TAMBÉM ESCREVE SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TREM PARA JOINVILLE.

Litorina é um veículo de transporte ferroviário dotado de motor. O termo "litorina", em forma coloquial, foi estendido a todos os veículos leves, independente da forma de tração (térmica ou elétrica). De origem italiana ("littorina"), foi criado provavelmente no ano 1932-1933, originado pelo fato de Mussolini ter viajado até a cidade de Littoria, sobre um desses veículos (Wikipédia). Quem viveu em Joinville nos anos 50/60, conheceu a litorina. Circulava normalmente, entre os intervalos dos trens de carga, de São Francisco do Sul até depois de Jaraguá. Passeava faceira pelas nossas estradas de ferro. Quando criança, era um meus dos passeios preferidos. Ou minha avó, a “velha Maria”, nos levava até São Chico, ou íamos até a casa da prima Belinha, que morava próximo da caixa d’água do Itaum. Ir até o Itaum, para quem morava no Bucarein, a 40 anos atrás era um périplo. A pé, de carroça ou de litorina. (também dava de carro, mas quantos tinham este meio de locomoção?). Pegávamos na estação, aos domingos, a das seis da manhã e voltávamos com a das cinco da tarde! Passava nas portas da casa da Belinha. De repente elas sumiram. Vejo agora a discussão da retirada dos trilhos que cortam a cidade e atrapalham a modernidade. A cidade do Porto denomina a sua litorina de métro.

A França, nas grandes e pequenas cidades, está infestada de tram (como a chamam lá)! O trânsito de automóveis convive com elas em harmonia. A do Porto é uma rede recente (2003), com aproveitamento de trilhos existentes, repartida em 5 linhas espalhadas pela área metropolitana, distribuídas por 60 km de linhas superficiais (tem 8 km da rede enterrada no centro antigo). Projeto idealizado e lançado no primeiro mandato do prefeito Fernando Gomes foi naquele momento considerado por muitos um projeto irrealizável. Hoje funciona bem e pede-se expansão. No contexto da área metropolitana, a capacidade de estruturação e qualificação urbanistica que um sistema destes representa para a mobilidade urbana, torna dificil apontar outro projeto que possa rivalizar com este. Além da mobilidade, causa forte impacto na estruturação do território e no fomento da coesão sócio-territorial, assim como na melhoria de níveis da qualidade ambiental (gases de efeito estufa). Gostaria que ao se transferir o trem de carga da cidade, não se transfiram os trilhos. Espero que os trilhos sejam readaptados para um sistema de transporte público moderno.

Proponho aqui duas linhas: Linha 1 - Araquari, Boehmewald, Itaum, Floresta, Copacabana, Nova Brasília, Jativoca, Guaramirim e Linha 2 - Estação (Get. Vargas) ao Centro ( Mercado Municipal). Para começar. Os trilhos já existem. Serão necessárias duplicações de linhas somente nas estações, onde as litorinas se cruzariam. Pensar Joinville grande. Colocá-la na modernidade!

Anselmo Fábio de Moraes - engenheiro civil

Nenhum comentário: