Walter Isaacson, ex-editor da revista Time e diretor do Instituto Aspen, conta que vários Estados se aproveitaram desta omissão.
O Mississippi anunciou que 89% dos seus alunos dominavam as duas matérias, a mais alta porcentagem do país. O Estado simplesmente baixou o padrão, mas foi flagrado por um teste de um grupo independente: só 18% dos alunos sabiam ler e fazer as contas, a pior porcentagem de todos os Estados.
O primeiro presidente negro, um dos mais bem educados da história do país, conhece a soma e a subtração das más escolas. Obama não falou em padrão nacional para educação durante sua campanha presidencial, mas, no pacote de estímulos que ele criou para tirar o país da recessão, embutiu mais de US$ 4 bilhões em incentivos para as escolas que mostrarem os melhores resultados ou que saiam da fossa, promovendo bons professores e diretores, demitindo os incompetentes.
Educação é um dos maiores problemas americanos. Se eu não tenho filhos em idade escolar, porque vou pagar impostos para sustentar escolas ruins ou alunos vadios? O normal é votar em candidatos que prometem cortar verbas para o ensino.
O Secretário de Educação de Obama, Arne Duncan, companheiro de quadra de basquete, dirigiu o sistema educacional de escolas públicas de Chicago, um dos maiores e mais encrencados do país. Teve a ousadia de dar verbas para as escolas conhecidas como “charter schools”.
Elas recebem dinheiro do Estado, mas não tem nenhum compromisso com os poderosos sindicatos dos professores, currículos, sistemas ou horários convencionais. Costuma ser recebido com protestos e vaias. Hoje ele fala em fechar cinco mil escolas de baixo nível.
As “charters” surgiram na década de 90 e hoje tem um milhão e meio de estudantes em 4.600 escolas, uma modesta porcentagem de 4%. Vários empreendedores da área de educação entraram na disputa pelo dinheiro público convencidos de que podem educar melhor por menos e embolsar o resto.
Um dos grupos mais bem sucedidos é o Kipps Academies. Noventa e cinco por cento dos estudantes são negros e latinos e a escola do Harlem é um dos modelos em evidência. As notas dos estudantes são iguais ou superiores aos das melhores escolas americanas.
Difícil entrar e quase nunca perdem um aluno. As aulas começam às 7 da manhã e terminam as cinco da tarde. A disciplina é rígida, a limpeza impecável. Com frequência há aulas de reforço nos fins de semana, mas a variante mais surpreendente é a disponibilidade dos professores: 24 horas por dia, 7 dias por semana. Se o aluno não sabe resolver o problema às sete da noite, “alô, professor” .
Para corrigir o problema da falta de educação americana, jantar frio, com álgebra, faz parte da solução.
Fonte: Site da BBC Brasil(08/10/2009)
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