*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Professora escreve sobre a Escola Higino Aguiar

Violência, por Maria da Consolação P. Osório*


Sou professora, negra e moradora da periferia de Joinville. Tenho sido perguntada se sobrevivi aos ataques que ocorreram na Escola Estadual Higino Aguiar, em Araquari, onde leciono história. Isso porque, no final de outubro e no último final de semana, jovens invadiram o a instituição para brigar e depredar o ambiente. Nas ocasiões, a gestora chamou a polícia, o que no momento era necessário para garantir a segurança dos alunos e professores. Porém, também acionou a imprensa local e nacional, tornando nossa escola sinônimo de violência.

A comunidade onde vivemos é composta por grande número de mestiços, negros e pobres. Já sofremos com a falta de políticas públicas voltadas à educação e à cidadania. A escola tem cerca de 1,7 mil alunos, moradores do Itinga e de Araquari. Ainda há turno intermediário, a inexistência de uma biblioteca, faltam professores – isso porque o Estado só contrata até o dia 15 de cada mês e se um professor adoecer, as substituições só são feitas no mês seguinte.

Quando se trata de denunciar o sucateamento da educação, não há permissão da direção. Em 2 de abril deste ano, um pedaço do teto da escola literalmente desabou. O Estado, que mantém a educação em tão baixos níveis, não foi punido, mas os alunos podem ser criminalizados sem uma análise mais profunda do que motivou tal situação.

O mesmo ocorreu em 17 de fevereiro e 3 de agosto, quando foram roubados computadores da sala informatizada. A empresa responsável pela segurança do local foi responsabilizada, mas só repôs os equipamentos meses depois – e isso não foi divulgado –, mas a escola foi bastante difamada.

Já tivemos projetos que envolviam alunos, pais e professores. Porém, hoje, nada disso existe mais, graças ao descaso da gestão, comissionada e subordinada ao governo do Estado.

Merecemos mais atenção da imprensa e do Estado. É necessário divulgar atividades com a garotada que, mesmo com tanto descaso, manda ver no hip-hop, xadrez, contação de histórias etc. E, acima de tudo, precisamos de políticas públicas que resolvam efetivamente os problemas que enfrentamos.

*Professora de História da Escola Higino Aguiar
Fonte:Jornal A Notícia(18/11/2009)

Um comentário:

Unknown disse...

Se atualiza o ''Feudalismo'' já se foi acabo que em que século que nois estamos no 21 que palhaçada é esta!?