Continuação do texto anterior...
Os realistas são menos felizes. E menos otimistas. Talvez nossa concepção materialista, calvino-cristã, associe otimismo com felicidade. Os realistas são menos festivos porque constatam a finitude do sistema. A Terra é azul, mas também é nave pequena e frágil. E finita. A carga genética que ela carrega pela galáxia rumo a não se sabe bem aonde, e o componente estético que isto representa, não são renováveis. A nave tem seus limites operacionais e é preciso tocá-la com prudência, com espírito de manutenção. É assim o pensamento realista. Se há um ponto do Universo, e uma época do tempo, para o qual estamos indo, então não faz muito sentido chegarmos lá com a carga tendo sido perdida. As religiões se dedicam ao homem e aos seus anseios. O progressismo se vale disto para justificar seus atos. Já o realismo segue uma "religião" não antropomórfica, não monoteísta, não higienizadora do dinheiro no bolso pela via do perdão ao pecado.
Estes são os traços gerais dos dois grupos que sentam à mesa do debate político global. Ou pelo menos é o que eu sempre vejo. Não cabe em siglas partidárias. Não se distribui segundo fronteiras geográficas e muito menos políticas. O embate entre progressismo e realismo ocorre generalizadamente e muito raramente ele assume uma facção definida. Geralmente está difuso. As próprias pessoas não conseguem ser totalmente realistas, nem quando decidem ser, e não há um único progressista completo, integral, totalmente desvairado.
Acho que não preciso dizer que, como adepto da proposta partidária Verde, procuro seguir e apoiar atitudes e concepções que eu interpreto como realistas. Já me enganei, mas pelo menos tenho um critério. E ter um critério é o primeiro passo para se orientar na história, na geografia e na confusão estapafúrdia de ideologias que compõem o quadro caótico disto que os otimistas chamam de "política".
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