Entre a população em geral apenas uma pequena parcela tem uma ligeira idéia do lugar e do tempo no qual estamos vivendo. É só uma minoria que consegue se localizar e isto porque sabe alguma coisa de história, ou de geografia, ou possui uma linha cultural que serve de guia. A massa ignora espaço e tempo. Para a massa, montanhas não se movem, o "mundo" tem duas partes, aqui e o resto, e o brado do Ypiranga foi um gesto de patriotismo.
Se você analisar com algum cuidado a pequena minoria ("pequena minoria" é redundância, eu sei, só quis frisar que esta minoria é pequena mesmo) que consegue se localizar no tempo e no espaço, vai talvez chegar à mesma conclusão que eu cheguei quando procurei entender o que significa ser um filiado a um partido como o Verde. Dizer que é e ser realmente contra o desmatamento e os maus tratos aos animais é obrigação moral de qualquer cidadão, mas optar por ser um militante de um partido que propõe institucionalizar um "modus" ecológico, biodinâmico, é coisa que faz coçar a cabeça e questionar: "Qual é a minha? Qual peixe eu vendo?"
Eu fiquei observando e deduzi que os lúcidos são aqueles com quem é possível discutir, já que com a massa nem isso é possível, e acabei dividindo estes lúcidos em dois grandes grupos: os progressistas e os realistas.
Os progressistas são antes de tudo, otimistas. Eles acreditam que a engenhosidade humana vai ser capaz de, sempre, achar a solução para todo e qualquer problema decorrente da ação humana. Aquecimento global? Condicionador de ar. Elevação do nível dos mares? Tecnologia holandesa, "polders". Explosão demográfica? Controle de natalidade. Os progressistas não só acreditam que o homem seja capaz de resolver todos os problemas, mas eles sobretudo acreditam que resolver os problemas seja um bom negócio. A economia não pode perder a oportunidade de, por exemplo, investir em projetos de recuperação ambiental, portanto vamos destruir o meio ambiente para garantir emprego às gerações futuras. Pode parecer exagero meu, mas esse modo festivo e inconsequente de pensar está nos jornais do dia-a-dia, nos telejornais, nas apostilas de cursinho, nas palestras dos magos do progressismo. Os ciclos econômicos que edificaram nossa Federação de Capitanias, nossa República de Tordezilhas, foram ciclos progressistas. A General Motors é progressista. Há poucos meses o governo de São Paulo publicava que seria necessário um investimento de 4 bilhões de reais para adequar o sistema viário ao crescimento que se pretendia para a produção automobiliística e agora o governo vê que são necessários uns mesmos tantos 4 bilhões de reais para evitar que as montadoras quebrem. Se ficar o bicho enferruja, se correr o bicho atropela. O progressismo é assim: de um jeito ou de outro ele sempre vence e nunca pára, mas também não deixa parar e quem vier depois que se vire...(continua)
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