Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem.
Os adultos na busca de uma vida melhor para os filhos, alunos, crianças em geral estão sempre tentando suprir suas necessidades, não só as básicas mas entendendo que quanto mais derem aos filhos em conforto, brinquedos, televisão, computadores etc...mais condições eles terão de vencer na vida.
Nessa tentativa de facilitar, eles estão encarcerando e reprimindo o território da criação espontânea e impedindo o fluir das emoções.
As crianças, hoje, mais do que nunca precisam e necessitam inventar, correr riscos, brincar e se encantar com a vida.
Nós criamos um mundo artificial com excesso de compromissos na agenda infantil, como aulas extras de natação, danças, ginásticas, música , inglês, computação, tenis e tantos outros e não avaliamos as consequências disso. Imaginamos que oportunizando tantas atividades a criança estará se enriquecendo mas esquecemos de que o que ela mais precisa, é de viver a sua infância em plenitude para se tornar um adulto realizado.
Nossas crianças aprendem várias línguas mas não sabem falar de si mesmas, não são capazes de exporem suas idéias seus sonhos e desejos. Conhecem tudo de computadores viajam pela Internet, mas sentem medo de se expor pois vivem represados no seu próprio mundo. Fazem cursos e aprendem a lidar com fatos lógicos mas não sabem lidar com os fracassos e falhas que ocorrem em suas vidas. Aprendem a resolver problemas sofisticados nos jogos virtuais, mas não sabem resolver os seus conflitos existenciais...
A vida é cheia de contradições e as questões emocionais de cada um não vem prontas, nem existem fórmulas para adiá-las ou eliminá-las. Os jovens precisam estar preparados para enfrentarem as decepções, mas só são treinados para alcançarem o sucesso.
A criança deve desde cedo usar o sofrimento, o “não”, o impossível para construir sua sabedoria e essa sabedoria de vida vai lhe dar mais segurança do que a informática. Nós adultos nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender! Estamos eliminando a Infância de nossos filhos e alunos exigindo deles informações e não produções.
Nossos jovens conhecem a cada dia mais coisas sobre o mundo em que estão mas menos sobre o que eles próprios são.
A emoção das coisas simples e prazerosas está sendo aniquilada e as crianças hoje são estranhos para si mesmas, não reconhecem limites, não respeitam o outro, são atacados de doenças como síndrome do pânico, fobias, depressão , anorexia, drogas. Tudo isso porque não entendemos que a Infância é um processo que precisa ser vivido com intensidade e sem ele, criamos pessoas adulteradas e problemáticas.
A Infância é rir por nada, é brincar sem tempo de acabar, é ter os pais como parceiros das brincadeiras, é chorar , ter tristezas e saber por que elas existem, enfim, é ser feliz !
Não acabemos com a Infância!
Maria de Lourdes Cardoso Mallmann é pedagoga e professora de Filosofia.
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