Santa Catarina é o Estado que menos tem investido em infraestrutura nos últimos anos. O reflexo dessa verdade se pode conferir na edição especial da revista “Exame” sobre o tema, que circulou no final do ano passado. Ali fica comprovado, com a publicação de diferentes índices, como Santa Catarina tem se atrasado no setor, ocupando os últimos lugares no ranking elaborado por técnicos da Fundação Dom Cabral, uma das instituições mais respeitadas do País.
O nosso Estado não ocupa lugar nenhum entre as dez primeiras unidades da Federação com melhor infraestrutura. Assim, perdemos para o Espírito Santo, Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul e do Norte, Distrito Federal, Paraná, Minas, Rio e São Paulo. De fato, é assombroso o recuo de Santa Catarina, louvado aqui em verso e prosa como o “melhor destino turístico do País”. E, ainda assim, acontece o que aconteceu na semana passada.
No que conta e pesa para o crescimento da economia, patinamos há anos e de forma preocupante nos últimos. O desempenho de Santa Catarina em alguns setores vitais para o crescimento da economia, com geração de emprego e renda, é constrangedor. Assim, no ranking da revista “Exame”, por exemplo, o Estado está fora de quatro de cinco áreas analisadas: estamos fora do mapa de Estados que apresentaram maior crescimento em reservas provadas de petróleo; em produção de álcool; em malha de estradas pavimentadas; e em movimento de passageiros nos aeroportos. Estamos presentes na capacidade instalada de energia elétrica, em razão, certamente, do recuo da produção industrial.
A passagem do ano demonstrou como é frágil e vulnerável o turismo catarinense. O colapso no fornecimento de água em Florianópolis e em diversos balneários do Norte comprova a absoluta ineficiência da Casan. Os gigantescos congestionamentos nas principais rodovias de acesso revelam como têm sido incoerentes e contraditórios os investimentos no setor, pois se gasta para atrair o turista e depois o abandonamos sem água, às vezes sem luz, em estradas entupidas e em balneários cuja infraestutura está longe de atendê-lo com um mínimo de conforto e respeito.
O paralisado Porto de Itajaí; o sucateamento dos principais aeroportos; a não-duplicação de importantes rodovias no Norte e no Vale do Itajaí; a conclusão da duplicação da BR-101 Sul só em 2014; a insuficiência no fornecimento de água; e a escassez de mão de obra qualificada para atender ao turista demonstram como Santa Catarina vive em situação precária, à beira de múltiplos colapsos. E não citemos aqui a situação real de outros setores igualmente essenciais, como os da saúde, segurança e educação. Nosso Estado sempre esteve entre os mais ricos e desenvolvidos do País, ocupando lugar de destaque na produção industrial, agrícola, nas exportações, com razoável infraestrutura. Pouco de tudo isso está se conseguindo preservar, enquanto se eleva o crescimento de déficits gerais. Uma simples temporada de férias demonstra de forma explícita o colapso dos serviços públicos e como nos distanciamos de outros Estados em setores fundamentais para a economia.
Um dos gigantes do Sul, o Estado se verga diante da realidade, de paradoxal contradição ao que se canta em verso e prosa ao longo dos anos. Em Joinville, a maior e mais rica cidade catarinense, chuva de 40 minutos alaga todo o Centro, como vimos terça-feira. Na área da saúde, simples aparelhos de raio X vão quebrando e os doentes só podem reclamar ao bispo. O poder público se mantém ausente o ano todo. Do aterro sanitário à conservação de praças e calçadas, Joinville – indicam os fatos – deve continuar caminhando para trás. Em ano de eleição, o quadro é emblemático. Não se espera, contudo, mudança alguma. Ao contrário, a chance de manutenção do “status quo” é grande. Ou, como se diz em política, permanece tudo que está aí.
aternes@terra.com.br
Fonte:Jornal A Notícia(10/01/2009)
Um comentário:
Continuamos na terra onde muito se fala e pouco se faz.Vangloriam-se de títulos que nem nos cabem...Afinal,educação,esgoto,infra-estrutura...tudo está abandonado a própria sorte...
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