POR JORDI CASTAN
A colocação de um artefato explosivo de baixa potência na
caixa de correio na residência do arquiteto Arno Kumlehn não é o resultado do
acaso. Não há nada de fortuito. Foi um atentado. Um atentado precedido
por avisos e ameaças. Por sorte, nesta
ocasião não houve vítimas. Mas se não houver uma resposta adequada, nada
impedirá que outro atentado de maiores proporções possa voltar a se produzir. As imagens provam a potência do impacto
produzido pela explosão.
Arno Kumlehn é aguerrido e defende suas posições em prol de
uma Joinville melhor, com convicção e conhecimento. Sua militância no Conselho
da Cidade tem incomodado - e muito - os setores
mais recalcitrantes na defesa do modelo de desenvolvimento ultrapassado que estão
querendo impor a Joinville. O modelo que preconiza o lucro a qualquer preço e
que consegue juntar, num mesmo grupo, políticos desonestos (acreditemos que ainda
possa haver algum que seja honesto), especuladores gananciosos e, desculpem a
redundância, funcionários públicos preguiçosos e corruptos. É um contingente numeroso e barulhento.
Não poucas
vezes este grupo majoritário tem feito ameaças,
veladas no início, quando ainda tinham um mínimo de vergonha e temor.
Ultimamente, amparados pela impunidade e pelo apoio de importantes
lideranças
locais, as ameaças, além de mais frequentes, passaram a ser feitas
abertamente
na frente até de testemunhas. Eu mesmo tenho presenciado os “conselhos”
dos
amigos que só estão preocupados com o melhor para Joinville e que vem
com
preocupação que a LOT não tenha sido aprovada ainda.
E
quando ameaças travestidas de “conselhos” não alcançam o
efeito desejado? Os que acreditam que essa proposta da LOT (Lei de
Ordenamento
Territorial) que esta aí não é o melhor para a Joinville do futuro,
sabem ser a hora em
que a sociedade deve lutar com todos os recursos que o estado de direito
oferece
ao cidadão para proteger seus interesses. O embate
democrático é parte do processo de construção de cidadania, mas quando
um dos
lados parte para a intimidação e converte ameaças em atentados
violentos, estamos ultrapassando uma linha inaceitável numa sociedade
democrática.
Preocupa o silêncio de uns. Também o apoio escancarado de autoridades constituídas à aprovação, goela abaixo, de uma LOT que trará para a cidade um modelo que aumentará o caos urbano, reduzirá a mobilidade e criará uma Joinville com menor qualidade de vida. Uma cidade mais espalhada ainda, que avançará sobre as poucas áreas rurais remanescentes e sobre os morros e as áreas verdes que garantem parte da qualidade de vida que Joinville teima em manter.
Estamos acostumados a ler, ver e ouvir na imprensa imagens
brutais de atentados terroristas com dezenas de mortos e feridos e acreditamos
que estamos livres de este tipo de situações em Joinville, que ninguém aqui
ousaria usar da violência para calar a voz dos dissidentes. Só o desespero dos
que ofereceram vantagens que não poderiam cumprir pode justificar um ato de tal
brutalidade. Só a cobiça dos que com as
mudanças propostas na LOT poderão multiplicar seu patrimônio por dezenas ou
centenas de milhares, pode ser a justificativa para tamanha violência.
Preocupa o silêncio de uns. Também o apoio escancarado de autoridades constituídas à aprovação, goela abaixo, de uma LOT que trará para a cidade um modelo que aumentará o caos urbano, reduzirá a mobilidade e criará uma Joinville com menor qualidade de vida. Uma cidade mais espalhada ainda, que avançará sobre as poucas áreas rurais remanescentes e sobre os morros e as áreas verdes que garantem parte da qualidade de vida que Joinville teima em manter.
Foi um atentado e agora é a Policia Civil quem deve
investigar o Boletim de Ocorrência 0084-2014-00734. Há que identificar os
autores e os mandantes. Quem mandou explodir não tem coragem
para fazer e manda fazer. É tão hipócrita que ainda da tapinha nas costas e liga
oferecendo sua solidariedade.
* Retirado do blog Chuva Ácida (10/02/2014)
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