Ele está a dois passos de mim... Três segundos e me perdi no verde-outono daqueles olhos. No teu pecado ou no meu?
Sigo em frente, ouço passos firmes e rápidos. Ando na direção do meu porto seguro, empurro a porta envidraçada, o loiro Chanel Sport e seus passos firmes também. Vem à sombra da fumaça do seu cigarro. No corredor passo por quadros que retratam rostos disformes, mãos que buscam nudez de Gueixa. Cortinas esvoaçantes dançam ao ritmo da tarde. Olhos se cruzam no espelho. Ao passar para o 3° andar ouço sua respiração. As luzes do fim de tarde em Joinville atravessam a escuridão do corredor. Paro em frente ao retângulo bege. Alguns anos, de puro capricho burocrático com a vida, caem ao chão. Atravesso o vão do templo da retidão. Não passo a chave. Largo a bolsa, detentora de todas as minhas verdades. Olho para a direita, lá está a banheira. A espuma me convida. O rubor das duas taças de Carmeniere estampam na face. Deixo cada peça de roupa deslizar pelo meu corpo, como que, seres com vida, entendessem essa, momentânea eu, deixando-me seguir para o livre arbítrio. Junto delas se esvai cada centímetro do protocolo protetor.
Ele fecha a porta. Sinto seu calor, seu cheiro. Sua respiração anuncia. A água abraça a pele. Arrepios fluem destemidos e nada acanhados. Meus cabelos são soltos e caem na cintura presa entre dedos arbitrários. Ele me mantém assim, à sua vontade. A língua invade. Liberta fico em suas mãos. Nesse interagir sem diálogo, personagens sem nome, deslizo solta, levada à doce força para um prazeroso enredo.
Ecoam sons, reflexos de átomos atraídos. As respirações cadenciadas como orquestra sob entendida batuta. Meu corpo é levado sem pressa, tomado como quem senta em uma praça, solitariamente e absorve o frescor do outono, deliciando-se, vagarosamente, num sorvete de pistache. Segue assim, sorvendo cada poro. O ventre toma forma, lateja... Quer! O ar embriaga. Cria-se a arena. Não sei se sou o touro, o pano vermelho, o toureiro ou mesmo a poeira lançada depois de cada "Olê" elegante. Logo sou um leque, frenético e frágil, de alguém na arquibancada. Ele dentro, vida dentro. O gemido vem entre lábios. Vozes em sussurros. Sou levada para fora do tribunal da consciência. Para ele sou Clarice-Marta-Angelina-Janis-Fabiani-Bartira-Ágata-Scarlet, sendo domada. Dois corpos em espasmos. Derramo-me, leve e dormente, em seu aconchego.
Volto à vida com o suspiro que me é contumaz. Lembro do tédio e de como é saborosa a perversão.
Sigo em frente, com meus devaneios, com meu café no Cidade, um Marlboro e nos fones... Ne me quitte pas.
Sigo em frente, ouço passos firmes e rápidos. Ando na direção do meu porto seguro, empurro a porta envidraçada, o loiro Chanel Sport e seus passos firmes também. Vem à sombra da fumaça do seu cigarro. No corredor passo por quadros que retratam rostos disformes, mãos que buscam nudez de Gueixa. Cortinas esvoaçantes dançam ao ritmo da tarde. Olhos se cruzam no espelho. Ao passar para o 3° andar ouço sua respiração. As luzes do fim de tarde em Joinville atravessam a escuridão do corredor. Paro em frente ao retângulo bege. Alguns anos, de puro capricho burocrático com a vida, caem ao chão. Atravesso o vão do templo da retidão. Não passo a chave. Largo a bolsa, detentora de todas as minhas verdades. Olho para a direita, lá está a banheira. A espuma me convida. O rubor das duas taças de Carmeniere estampam na face. Deixo cada peça de roupa deslizar pelo meu corpo, como que, seres com vida, entendessem essa, momentânea eu, deixando-me seguir para o livre arbítrio. Junto delas se esvai cada centímetro do protocolo protetor.
Ele fecha a porta. Sinto seu calor, seu cheiro. Sua respiração anuncia. A água abraça a pele. Arrepios fluem destemidos e nada acanhados. Meus cabelos são soltos e caem na cintura presa entre dedos arbitrários. Ele me mantém assim, à sua vontade. A língua invade. Liberta fico em suas mãos. Nesse interagir sem diálogo, personagens sem nome, deslizo solta, levada à doce força para um prazeroso enredo.
Ecoam sons, reflexos de átomos atraídos. As respirações cadenciadas como orquestra sob entendida batuta. Meu corpo é levado sem pressa, tomado como quem senta em uma praça, solitariamente e absorve o frescor do outono, deliciando-se, vagarosamente, num sorvete de pistache. Segue assim, sorvendo cada poro. O ventre toma forma, lateja... Quer! O ar embriaga. Cria-se a arena. Não sei se sou o touro, o pano vermelho, o toureiro ou mesmo a poeira lançada depois de cada "Olê" elegante. Logo sou um leque, frenético e frágil, de alguém na arquibancada. Ele dentro, vida dentro. O gemido vem entre lábios. Vozes em sussurros. Sou levada para fora do tribunal da consciência. Para ele sou Clarice-Marta-Angelina-Janis-Fabiani-Bartira-Ágata-Scarlet, sendo domada. Dois corpos em espasmos. Derramo-me, leve e dormente, em seu aconchego.
Volto à vida com o suspiro que me é contumaz. Lembro do tédio e de como é saborosa a perversão.
Sigo em frente, com meus devaneios, com meu café no Cidade, um Marlboro e nos fones... Ne me quitte pas.
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