Operações "contra as cheias"
Antes de iniciar alguma ação contra enchentes em Joinville, o governo do Estado precisa se certificar de que os mecanismos de fiscalização capazes de evitar que os recursos virem pó, ou melhor, lama, estejam aptos e competentes.
Faço esta sugestão porque a história recente de Joinville apresenta alguns casos de "ações contra cheias" que, embora tenham sido alardeadas como úteis e benéficas, nada mais foram do que motivo de ações do ministério público, agressões irresponsáveis ao meio ambiente ou simplesmente volatilização de recursos públicos.
No final da década de 90 a Prefeitura andou fazendo umas dragagens na bacia do rio Itaum. Obra totalmente descabida, acabou originando, isso sim, um pequeno loteamento sobre o aterro feito com material retirado do fundo do rio. O Ministério Público denunciou a irregularidade, o juiz condenou a Prefeitura a recompor o local e relocar os moradores. O contribuinte está pagando o pato. A última notícia que tive foi que a Prefeitura, já na gestão do atual prefeito, pagou um jantar para comemorar o que parece ter sido um "final feliz" para a falcatrua.
No dia 20 de setembro de 2009 a primeira página do jornal A Notícia trazia, sob o título "Força tarefa contra as cheias" , a fotografia de três retroescavadeiras destruindo as margens de um pequeno córrego. Eram citados os gastos de vários milhões de reais. A obra era ineficaz. Não resolveu nada. Dinheiro jogado fora. Retroescavadeiras que, depois, sumiram. O link da matéria é este: http://www.clicrbs.com.br/
Em Setembro de 2010, quando esteve em Joinville fazendo comício para sua candidata à presidência da República, atual presidente Dilma Roussef, o presidente Lula afirmou que iria "mandar a Procuradoria da República investigar o paradeiro de verbas enviadas para Santa Catarina para obras contra cheias". Não era um sujeito qualquer discursando levianamente - era o presidente da República. A coisa foi esquecida. Fica no ar, porém, a certeza de que a ladroagem agiu mais uma vez.
Quando eu era criança, ouvia os velhos dizerem que no Nordeste do Brasil há uma indústria corrupta da seca e que aqui no Sul as pessoas trabalham honestamente. Como fiquei velho, tenho o direito de corrigir o engano: Na minha cidade há uma indústria corrupta que explora as enchentes. Sinto dizer, mas depois de tanto observar a cena, conclui assim. Aqui não é a França Antártica, a Toscana do Sul ou a Baviera Austral - aqui é o litoral do Paraguai, aqui é o interior do Perú, aqui é igualzinho ao Brasil!
Milton Wendel
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