Li na coluna de Luiz Veríssimo, no jornal Noticias do Dia de 10 de fevereiro, que já estaria tudo acertado para uma coligação entre PP e PV para a eleição de prefeito do ano que vem. O candidato seria o deputado Kennedy Nunes e o vice seria um advogado que é filiado a outro partido, mas que se filiaria ao PV para cumprir a formalidade.
Não vou comentar o fato de que a filiação do dito cujo ao PV seria apenas "pró forma", mesmo porque isso é comum na política eleitoral brasileira e talvez seja uma das causas do lastimável estado de coisas que vemos por aí.
O que não consigo ignorar é a incompatibilidade entre os programas dos progressistas e dos verdes.
Os progressistas são otimistas. Eles querem viadutos, elevados e ruas mais largas onde caibam mais carros e onde se possa queimar mais petróleo. Eles acreditam que com mais e melhores ambulâncias haverá um melhor atendimento às vítimas do trânsito e, assim, eles sonham em ir levando o processo adiante "quebrando alguns ovos necessários para se ter o omelete". Muitos eleitores gostam desse modo de fazer discurso.
Já os verdes são realistas. Eles querem mudanças do conceito de progresso. Querem calçadas mais largas, mais áreas de convívio social. Eles pensam que se o transporte urbano for feito com veículos mais eficientes, o meio ambiente e a sociedade terão um verdadeiro progresso. Os verdes acham que deve ser feito um maciço investimento em educação, cultura, tecnologia e ciência, para gerar empregos de melhor nível do que os gerados pela economia do parachoque e da multa de trânsito. Há menos pessoas admiradoras do idealismo verde do que admiradoras do eloquente discurso popular progressista.
Mas isso não significa que o Partido Verde deva passar a aplaudir o eloquente e popular discurso progressita. Muito menos apoiá-lo.
O Partido Progressista pode entrar em qualquer escritório administrativo de qualquer empreendimento e pedir apoio eleitoral oferecendo em troca trabalho palamentar, sem medo de cair em contradição programática. Já o Partido Verde tem, por preceito programático, buscar apoios e oferecer retribuição apenas de empreendimentos que contemplem a dramática necessidade que nossa sociedade tem de recuperação ambiental, preservação ecológica e evolução cultural. Convenhamos que não é uma "pequena" diferença que possa ser dirimida com um abraço no palanque eleitoral. Quem pensar que pode, não gosta de política.
Fica esquisito imaginar um progressista e um verde irem conversar sobre apoio eleitoral com, por exemplo, o presidente de uma fábrica altamente poluente. Se todos sairem satisfeitos da conversa vai ser porque, das duas uma, ou alguém enganou os outros, ou todos se enganaram a si próprios.
*Milton Wendel é um dos fundadores do PV de Joinville
3 comentários:
Li seu texto e lembrei de uma foto que vi essa semana onde o Lindemberg Faria ( ex líder estudantil que emcabeçou o movimento dos caras pintadas) abraçava o ex- presidente e atual senador Fernando Collor de Melo.
Pensei: Ou o Lindemberg Faria modou ou o Collor mudou?
Será que é dificil responder essa pergunta?
Quando há interesses eles se unem.
Bom final de semana e aparece lá no sabor da letra.
Também vi essa cena na televisão Evandro...Os tempos mudam,eita!!!
Perfeito o texto do Milton Wendel.
O triste é que em política todo é possível.
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