25 de maio de 2009.
Tenho acompanhado um debate quase sempre de baixo nível e apaixonado sobre a eventual Parada Gay que haverá aqui em Joinville, um dos aspectos (e não a íntegra) da Semana da Diversidade. Que isso seja feito por alguns militantes dos dois extremos (fanatismo religioso ou político-autoritário e homossexuais engajados), tudo bem. O problema é quando ganha páginas de jornais, por parte de gente que acompanha o tema à distância.Além disso, tenho visto a maioria dos políticos, como quase sempre fazem quando o tema é constrangedor, ficarem na moita, esperando o melhor momento para entrarem do lado que está ganhando, como muitos fizeram com o tema do Carnaval aqui em Joinville. Seria melhor que cada um saísse do murismo e expusesse sua opinião e sua postura diante do tema.A Constituição brasileira, adotando uma posição coerente com a tradição liberal ocidental e com algumas tendências de caráter socialista, propôs a defesa e, eventualmente, o fomento às minorias e à diversidade, seja ela motivada por questões de gênero, etnias, opção sexual ou acessibilidade. Essa é, em minha visão, a melhor posição política sobre o tema.Manteve, também, a tradição do Estado brasileiro como sendo um Estado laico, ou seja, questões religiosas e espirituais devem ser tratadas no âmbito das várias confissões religiosas e da individualidade, ou seja, do livre desenvolvimento da personalidade de cada um.Isso não impede que a correção das posturas constitucionais seja questionada. Contudo, vejo com pouca surpresa e nenhuma simpatia a manifestação de alguns sugerindo a proibição de uma passeata gay, em nome de movimentos religiosos.Nessa hora, é bom lembrarmos um pouco da história, em que guerras religiosas dizimaram povos mundo afora e movimentos totalitários, como nazismo e fascismo, segregavam, em campos de concentração, os homossexuais, os judeus, os deficientes e os comunistas. Aliás, esse não é um privilégio só de ditaduras de direita. Cuba, até pouco tempo, segregava os homossexuais e só está se tornando um pouco mais liberal em virtude de posição engajada da filha de Raúl Castro.A questão se complica quando é analisado o eventual aporte de dinheiro público. A informação que temos é que a Fundação Cultural dará apoio logístico, sem apoio financeiro ao evento. Embora sob o aspecto jurídico fosse possível o aporte de valores, entendo que está correta a Fundação. Não cabe a ela fomentar a defesa do orgulho gay, como também não cabe a ela uma posição em favor da defesa da família como célula da sociedade, em vez de relacionamentos outros. Ou, acaso entenda diferente, que apoie, então, todas as tendências da mesma forma, pois todas são manifestações culturais e, finalmente, atos que exprimem a fruição da liberdade por parte de cada um.Outra coisa, bem diferente, é aportar valores para ações que combatam a discriminação, em qualquer de suas formas, desde as racistas até as discriminações por opção sexual.Por fim, não acho que nos devemos balizar pelo que acontece no mundo todo para justificar ou condenar a passeata. Acredito em Joinville não como mero absorvente da cultura alheia, mas como criadora e fomentadora de cultura. Sem deixarmos de buscar o desenvolvimento intelectual e cultural a partir do que acontece em outros lugares, devemos lutar por nossa autenticidade.
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