Um pouco da história de Blumenau
HEROISMO DURANTE A GRANDE ENCHENTE DE 1880.
Na madrugada de 22 para 23 de setembro de 1880
Blumenau recebeu um verdadeiro dilúvio. A água desabou com tanta intensidade
que em apenas poucas horas o Rio Itajaí-Açu atingiu uma altura de 14,6
metros acima do nível normal. Muita gente conseguiu salvar apenas a vida.
O jornal "Kolonie Zeitung",
editado em Joinville, na sua edição de 9 de outubro de 1880, contou como foi a
tragédia dos blumenauenses, destacando inclusive a participação heroica do vapor
Progresso, resgatando e salvando vidas:
"De madrugada, por volta de uma e meia,
começou repentinamente o perigo na cidade de Blumenau, quando no início da
noite só se esperava uma cheia, enchente moderada, como já acontecera diversas
vezes em outras ocasiões, sem risco de alcançar casas. Mas a partir daquela
hora as águas não só subiam, mas rolavam em fantásticas avalanches. Os gritos
de pedidos de socorro de pessoas em perigo e dos animais sendo arrastados vivos
pelo turbilhão das águas, ecoavam pela noite. E a escuridão tornava a tragédia
ainda mais horrível. Com ansiedade era esperado o amanhecer por todos quantos
conseguiam manter-se a salvo.
O novo dia traria um enorme trabalho de
resgate, exigindo de todos tudo quanto a força humana pudesse alcançar.
Queremos aqui fazer uma referência especial, manifestando o reconhecimento de
todos quantos foram auxiliados, ao capitão e à tripulação do pequeno Vapor "Progresso"
que, incansáveis e destemidos, socorreram aos que solicitavam socorro, tanto na
cidade como no distante Garcia, onde iam buscar pessoas ilhadas, socorrendo-as
e levando-as sãs e salvas até a igreja protestante. A eles, principalmente, se
deve o fato de não se haverem perdido vidas humanas no centro da cidade ou nas
proximidades. Em direção das duas igrejas, que foram erigidas em morros,
dirigia-se, de toda parte, o cortejo dos que eram salvos e dos que conseguiam
escapar da tragédia.
O Vapor Progresso transportava para estes
locais as pessoas resgatadas e com o clarear do dia todas as canoas,
embarcações diversas e inimagináveis, como cochos, tinas, etc., improvisados em
embarcações, convergiam para aqueles locais de abrigo, onde encontravam
proteção e asilo.
(publicado pelo jornal "Kolonie
Zeitung" de 9/10/1880, transcrito por José Deeke em seu livro "O
Município de Blumenau e a História de seu Desenvolvimento").
134 (2014) anos depois, fazendo este registro,
consignamos aqui a eterna gratidão àquelas pessoas que agiram com tanto
destemor e heroísmo, e se pudéssemos, lhes entregaríamos com muito
respeito um diploma de"Honra ao Mérito", o que fazemos de forma
simbólica através desta crônica (Carlos Braga Mueller).
Texto Carlos Braga Mueller/jornalista e
escritor.
Arquivo Carlos Braga Mueller e Adalberto Day