*Verus philosophus est amator Dei - Santo Agostinho

sexta-feira, 30 de abril de 2010

ISOLADOS DO MUNDO

É como se de repente a vida real perdesse todos os seus atrativos: adolescentes passam meses sem sair do quarto, dedicando-se a personagens de histórias em quadrinhos ou desenhos animados e rejeitam qualquer relação com o mundo exterior. Há alguns anos a mídia ocidental fala de estranhos comportamentos cada vez mais difusos entre os jovens japoneses, freqüentemente apresentando-os como exemplos de desvios exóticos. Estudos recentes sugerem, porém, que esse fenômeno não é exclusividade dos orientais.

Um desses exemplos extremos é Simon, 24 anos, que vive em Omã, país que faz fronteira com a Arábia Saudita. Há cinco anos ele não sai do quarto. A mãe deixa comida do lado de fora da porta, que está sempre trancada. Durante o dia Simon dorme e à noite assiste à TV ou joga videogame. Alguns psiquiatras diagnosticaram depressão e outros, esquizofrenia, mas o jovem não aceita os medicamentos que lhe foram prescritos. Não se considera doente – quer simplesmente ficar só. Desesperados, os pais buscaram até ajuda espiritual, sem sucesso. Segundo o psiquiatra Samir al-Adawi, da Universidade Sultan-Qaboos, em Maskat, trata-se da síndrome hikikomori, identificada originalmente no Japão.

ISOLADOS DO MUNDO

Em japonês hikikomori significa “isolar-se” e é um termo usado para indicar tanto o transtorno, quanto o sujeito. O Ministério da Saúde do Japão classifica como hikikomori um rapaz ou uma garota que não sai de casa – em momento algum - por pelo menos seis meses. O problema já ganhou proporções epidêmicas. Estima-se que cerca de 20% dos rapazes japoneses seja hikikomori, o que já preocupa as autoridades de saúde. Segundo o psicólogo Tamaki Saito, da Universidade de Tóquio, até 1,2 milhão de jovens vivem isolados em suas próprias casas – 25% deles há mais de cinco anos e 8% há mais de dez.

Os hikikomori não costumam procurar ajuda. As famílias japonesas freqüentemente consideram a reclusão do filho uma vergonha e não falam sobre isso, na esperança de que o problema se resolva, de alguma maneira, por si só. O primeiro levantamento japonês sobre a síndrome, realizado em 2001, identificou mais de seis mil casos, sendo que 40% dos jovens afetados tinham entre 16 e 25 anos, e um quinto, entre 25 e 30 anos. O estilo de vida desses adolescentes eremitas é característico: a maior parte do tempo ficam reclusos, dormem de dia e passam a noite em frente ao computador ou à televisão, quase sempre são obcecados por videogames, por meio dos quais constróem uma realidade alternativa.Não cultivam relações sociais que não sejam mediadas pela internet.

Fonte:www2.uol.com.br

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